Nesses dias, numa conversa com uma goldenfriend, ouvi-lhe dizer que, às vezes, nosso mal é querer transformar merda em ouro. Ela dizia que já ouvira isso de outra pessoa e que, quando o fizera, rira muito, mas muito mesmo. Bem, a aplicação de tal frase se deve ao fato de estarmos conversando sobre um assunto bastante ácido, eu diria: relacionamentos.
Pois bem, nesses das de férias, é só o que tenho ouvido (e vivido) de meus amigos, um grande debate acerca dos relacionamentos. Ora, sejam como for – fantasmagóricos, mutantes, esquisitos, melados, água pura e tantos outros – estão sempre presentes nas nossas conversas (e na dos ébrios, certamente). Alguns no enche de esperanças, de pulsos vitais... outros são vagos... outros efêmeros...
Todavia, um tipo desses que me tem intricado é o finado. Os relacionamentos mortos são tal qual um cadáver num laboratório de anatomia de uma universidade qualquer: se tivesse algum pulso vital, até retrucaria, mas não passa de um monte de carne e ossos contemplativos e em decomposição. Creio que esses relacionamentos finados são piores que os fantasmagóricos, pois, no caso do segundo, ainda há certa “forma”, mesmo que seja no modo de espectro, ao passo que no primeiro, só basta enterrar.
Jabor, numa crônica, que me foi enviada por uma personagem de um desses relacionamentos finados (zumbis, eu diria – por não ter palavras próprias e/ou idéias bem articuladas para escrever o que pensa) dizia que, se o outro tem dúvidas, não temos o direito de impedi-los; só nos cabe esperar (ou não). Entretanto, o ilustre cronista não mencionou o caso dos relacionamentos finados. Se me é permitida a ousadia de completar algo, já que o discurso de Jabor não é mais só seu, eu afirmo que NÃO DEVEMOS FICAR CHAQUALHANDO O CADÁVER DE UM RELACIONAMENTO ENQUANTO A VIDA PASSA NA JANELA. Por fim, se despertarmos para uma postura não-só, diferentemente de uma solidão mascarada em relacionamentos fúteis, se tivermos coragem para isso, talvez vivamos bem melhor.