sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Glóbulos ruborosos João Paulo Feliciano Magalhães


Hoje eu bebi vinho vermelho,
Minhas mãos ruborizam-se de cólera,
Meus olhos focam no objeto
-- que de ser passou a objeto
Fitando-o como um chacal.

Se o tal objeto cruzar o caminho de minhas placas impressas...
Deleto-o com dedo de mármore.

domingo, 11 de outubro de 2009

ÚLTIMA CRÔNICA DE UM PEQUENO ERBÁRIO



Sabe que o que estou escrevendo é mesmo diretamente a você. Afinal, como mesmo disse, não precisamos de rodeios. Mas, sabe que, se sou subjetivo, se deve ao fato de beber as cotas dos vinhos líricos. Portanto, espero que não se importe... Ver-lhe erguida como os girassóis numa campina. E esbanjando... e polemizando.... e frutificando.... e... e... alegria por ai. E molhando os pés em brejos celestiais... Lendo e decodificando a botânica universal... Isso foi você... Isso é você. Os elencos adjetivais provenientes das lexicografias vulgares não são capazes de representar o seu todo; somente pequeninas partes. Atirar-me em suas dunas foi um dos atos mais sublimes de minha programação vital. Minha palma gustativa varria-lhe o pó galático e gracioso e brilhante... Dei-me várias chances de me enveredar em tais dunas, mas sei exatamente o que me faltou. Faltou-me, de fato, o combustível patético dos poetas... dos românticos.. dos trovadores... das telenovelas... Faltou-me o tal sentimento de palavra inflacionada... Faltou-me o esperado e imprevisível. Contudo, como me disse meu amigo das rosas certa feita, estranhas dores habitam a gente de vez em quando. Eu diria, beliscões... há dois dias eu me senti como o eu poético da canção de Chico, que fechava o portão com o sentimento de já ir tarde. Hoje eu liberto em parte disso... mas fico com a impressão de que me faltara impulsos e pulsos para o cultivo de tal obra botânica: você. E quando me ligava, numa fase meio nebulosa, você me bradava clamores de VIVA... VIVA... ACORDA... Hoje, regozijo-me, mas me atormento em parte.. Comicamente, ouvi de minha amiga lírica que sou “doce, porém [sem tempero, pois] precisa de uma pimenta”. Ora bolas!!! As interpretações são muito pessoais... Lamento que a vida seja feita de recortes e de efemeridades, certos momentos. É por isso que tudo parece esquisito... curioso, mas estranho. Entender? É meio absurdo entender. Aí, no meio desse caos grego, emerge você...
Quando amanhecer, eu vou respirar um ar diferente. Não tente entender!