terça-feira, 20 de julho de 2010

AUTO-ORAÇÃO (João Paulo Feliciano Magalhães)


Hoje fiquei íntimo do sol
De quem fugi minha vida inteira.
Interglasses antilovianos equipam meus mecanismos ametista
Contra os brilhos julietais.
Bebi Cocakola
E, com a acides do xarope
Me protejo dos beijos bêbados
Auto destrutíveis.
Milhares de espermas gygabitianos
Escorrem de meus acordes líquidos.
Insisto nas mordidas sórdidas
E vorazes
Das carentes de alma três por quatro...
De quatro.
Louvado seja Baco... balbuciante...
E não menos seja louvado o buraco cintilante.
As góticas tem medo ao meu lado.
E as que tem medo se protegem na minha asa...
Alfa.
Minha coleção de medeias é ostentada em meu balcão-mezanino.
Sou deus das loucas que se matam pelos filhos...
Ou por uma conexão mal-sucedida de gametas...
Das escarradas pelos sorrisos-irmãos...
Das gentis sórdidas
E solúveis em água mineral.
Só o que importa...
São minhas modulações precisas das ondas sonoras...
Só o que importa.

Amém!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ethos sem chapéus: diário – 27 de agosto de 2008 (João Paulo Feliciano Magalhães)


-- Aqui estou flutuando em mais um momento de reclusão. Como companhia, uma infeliz vela azul com temas indianos, minhas paredes verdes, minhas guitarras, meus chapéus e ternos... É curioso, diante de tantas companhias, sujeitos como eu sentirem-se só. Outrora, minha fiel co-enunciadora, carioca dos eme-esse-enes-da-vida (de sertã forma, como muita vida) afirmava que corre para casa... abre mão de tudo... de passear com os colegas sibilantes... abre... só para ficar só. Na minha memória discursiva, há tantos os exemplos de caras que buscaram a reclusão por motivos nobres... inclusive o de contemplar. Entretanto, comigo é um gato fugindo do rato nessa situação. Penso demais, justamente quando estou no furdunço urbano de meus afazeres... nos apretos do metrô... no alisar dos braços fimininos – mas não ferinos – de minhas guitarras... Às vezes fico com o sabor de que só elas é que me decifram mesmo – ó esfinge de espelho. Creio que o que me assusta nesse quadrilátero assimétrico que é meu quarto é que tudo isso aqui me faz pensar demais. Essa infeliz vela... preciso tomar coragem e me livrar dela. Já tentei queima-la até o fim, mas a infeliz é resistente. Parece brindar passados de all-stares e cabelos medusosos que ainda insiste em cutucar meu dorso. Mas tive um pouco de molho xoio nesse caldinho sem graça no nascer do novo ano. Digamos... vinguei-me um pouquinho... devolvi um pouco de suas mordidas à Medusa do 27 de Agosto. Vai ficar condenada a viver errante e mascarar-se num catolicismo hipócrita – até a primeira esfregada de quadris em pirocas animadas, sedentas por orifícios violados brothermente. Aí, busca beleza nos sangues puros para tentar uma sobrevivência a seus fantasmas. Contudo, me vigia como se quisesse conferir se compartilhou mesmo sua vida medíocre comigo. Sei lá... aquela historia de indícios de hepatite em mim parece mais um vírus vampiresco oriundo de sua caverna negra. Curiosamente, não me considero infeliz... sou deveras afortunado em minhas coisas... queria amar quem disse me amar há pouco tempo... ela merecia isso... e a deusa Atena... e a deusa das serras de Mogi... todas mereciam que desprendesse amor para si como desprendi à Medusa. No fundo, meu receio aqui no meu quarto não é de estar só, mas é de estar com ela.
-- Tudo bem, a gente continua na próxima sessão, tudo bem? Acerte só no final do mês.

O LAGO (João Paulo Feliciano Magalhães)


No sonho que Céus me concedeu
Vi-te pousando de nuvens reluzentes
Eclipsando teus olhos-ametistas...
E abrindo teus olhos-diamante!

E com um passo de alegres barcarolas...
Navegas por entre silvos e barulhos
Pra me luzir com teu dedo polissêmico
Pra iluminar o meu ouvido de acácia.