segunda-feira, 17 de março de 2014

POEMA MEIO VOCÊ DECIDE João Paulo F. Magalhães



 -- Desconstruí meus ideais por um sólido ideal visual.
Cruzei barreiras de todas as partes, passei por sais de mares e de lágrimas.
Corri por campos e por minas.
Fugi de bombas corruptas televisivas.
Enxuguei minhas metáforas, tudo pra ser mais simples pra esse momento.
Ufa! Cheguei! Mas cadê todo mundo?
(Final 1 possível)
-- Todo mundo está atrás de você, cada um a seu tempo. Também esperam que lhes espere.

(Final 2 possível)

-- Se liga cara. Você chegou cedo de mais pro show de metal. Só semana que vem!

quinta-feira, 6 de março de 2014

TERRA DO NUNCA (NUNCA?) João Paulo Feliciano Magalhães


Numa terra muito distante, um professor passa uma espinafração num aluno:
-- Seu aluno ruim! Como pode ser tão insolente?
-- Mas...
-- Mas... nada, rapaz! Você está sendo motivo de vergonha para nós. Como ousa?
-- Mas...
-- Não me interrompa! Como ousa tirar 9,6 na prova da Olimpíada de Matemática?
-- Mas eu venci a Olimpíada, Senhor!
Bufando fogo feito uma caldeira, o professor se retira. Bate a porta com tudo. O pobre aluno, num lampejo de ideia, com certo ar de vingança, diz pra si mesmo:
-- Um dia eu vou-me embora para o Brasil. Lá tem futebol, bunda e um professor bonzinho que vai me passar de ano com um cinquinho na prova final.

Moral da história: se você tiver tempo, corra, pois aquilo que já é ruim pode melhorar.





(Imagem tirada do Jornal do Brasil)

segunda-feira, 3 de março de 2014

SÍNDROME DO SONO EDUCACIONAL João Paulo Feliciano Magalhães




Hoje é dia 3 de março de 2014. Uma segunda-feira de carnaval, inútil e embebedante pausa no calendário do Brasil. Estou aqui ao computador e ouvindo o som da TV no canal Globo, mais precisamente no momento em que se transmite o tal Big Brother Brasil, um pouco antes de tambores, peitos e bundas desfilarem na Sapucaí. Em meio a esse contexto, estou aqui refletindo sobre a PREGUIÇA NA EDUCAÇÃO. Sim, preguiça na educação. Algo que vem me chamando a atenção desde que comecei a trabalhar como professor de português no estado de São Paulo. É impressionantemente preguiçosa nossa educação. Vejo alguma agitação durante as atribuições de aulas – a partilha do pão --, mas depois disso, apenas observo o mais absoluto sono. Professores com preguiça de trabalhar; gestores com preguiça de gerir; funcionários com preguiça de despachar... alunos com preguiça de estudar. O mais curioso é que esse povo todo reclama dos insucessos da bagaça da educação, porém, com tanta preguiça... Às vezes, há preguiça até de se fazer uma reunião... preguiça de convidar a comunidade a participar da escola... preguiça de falar a verdade, de ser honesto com o espelho e com a rua... E ainda vem me dizer (reproduzir) clichês ridículos da educação, tais como: competências e habilidades, alunos autônomos, projeto político pedagógico, sequências didáticas, alunos silábicos com e sem valor, provas diagnósticas... Meu desafio para esse ano vai ser fugir dessa preguiça. Briguem os pequenos de espírito pelo poder mais pequeno ainda. Cansei de estar cansado. Olhem-se em seus tantos espelhos.