João Paulo F. Magalhães
Às vezes me surge uma ideia na cabeça acerca desse negócio de fé.
Minha mãe, sabiamente, costuma dizer que, fé é algo, digamos, pessoal, assim como a cor dos olhos, o formato do rosto, a cor dos cabelos etc. Ou, ainda, é uma manifestação interior que pode ou não ser ritualizada.
Mas, às vezes, nesse questionamento, deveras, persistente, surge-me o seguinte: para se ter fé, é necessário perder sua consciência? Para valorizar suas crenças, até que ponto a ritualização disso é importante?
Creio que uma das razões para que fique com essas ideias é a de conviver, como diria Antônio Cândido ou Massaud Moisés, com tipos, pessoas de personas religiosas, crentes ou qualquer outra denominação que se queira dar. Afinal de contas, trata-se de uma espécie bastante comum na nossa sociedade homocibernética.
Pois bem, tenho notado o comportamento de certa pessoa, alguém que conheço de outrora, que não me surpreende em absolutamente nada – por ser capaz de todos os atos psicóticos que qualquer catálogo freudiano possa conter. A criatura, depois de um repouso nas trevas nebulosas, ressurge, com um elenco de diminutivos – inclusive com meu nome. Aí me sai com a história de santidade é tudo, ou clichês como: Deus é fiel (poderia ser palmeirense) e outras coisinhas mais.
O caso é que tal pessoa me chama a atenção justamente por sua falta de lucidez, de um percurso regular de vida ou coisa parecida. É bem verdade que, segundo alguns teólogos que passaram pelos meus ouvidos e olhos, o homem se aproxima da fé pelo sofrimento. Ousaria afirmar que: O HOMEM SE APROXIMA DA FÉ PELA LOUCURA.
Talvez seja pequeno demais para tal compreensão, mas fica aí apenas uma proposição do que penso.
Aliás, para se ter fé, precisa-se pensar?