terça-feira, 14 de outubro de 2008

João Rosa de Castro


ODE À MUSA E AO PINTOR
(a Maria Fernanda Cândido e Luis Roberval Sales)

Pensou dizer sem palavras ou cores
E em sentir com eternos louvores
E fez silêncio do brilho mais puro
Iluminando um caminho escuro.

O clarão dos matizes fugindo-me os dedos
É que então permitiu-me saber-lhe os segredos
E o meu coração que já sangra ao vê-la
Empresta o escarlate aos seus lábios na tela.

Ouviu canções e lembrou o passado
Agiu e agiu no que tinha atuado
Filosofou sob o céu tão aberto
Pra esperar um futuro incerto.

Esperança mantém-nos todos ligados
Essas mesmas canções eu já havia escutado.
Meu pincel transferiu-as à sua face no canvas.
Derramei no seu rosto bossas novas e sambas.

Maria sabe que nenhum espelho
Ou o produto de um aparelho
Se assemelha às cores do retrato
Que só a alma reluz, a cada traço.

E eu imagino: nem o próprio tempo
Nem qualquer tristeza ou algum desalento
Tornam esmaecidas as cores contempladas
Nem mesmo esquecida a beleza retratada.

Maria fita a sua face eterna
E então sorri a sensação interna
De que o amor reflete toda arte,
De que o amor está em toda parte.

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