É curioso como os sentimentos são mascarados atrás dos sorrisos. O outro -- ou a outra -- ri eufórico e falacialmente, abraça, beija, mas basta uma olhada um pouco mais profunda em seu globo ocular e... pronto! a verdade vasa como água numa peneira.
É mágico ver esse outro – ou essa outra -- com um sorriso-persona estampado em sua face... hum... “maple”, sendo que, da mais profunda caverna cerebral de sua cabeça, digamos, dinossauro, emergem sentimentos vulcânicos.
Por sua boca, outrora cantada pelo... óbito a essa fase... “poeta menor”, é engendrada a tal “palavra inflacionada”, muito proferida no discurso de canções de Zezé, Belo e outros do mesmo clã. Seus vocábulos, simples, na superfície, mas cheios de intenção e cianureto sentimental: “anjo”, “amigo”, “te adoro”, “meu mestre”... belo léxico-líquido-fatal que Sócrates e/ou Hamlet conhecem bem – talvez seus vermes também – chego a ouvir os risos de tais vermes. Olhos dos olhos fogem. Beijo no rosto como formalismo -- ora, deve-se manter o ethos de “feliz” com o estereótipo da “alegria eufórica”.
De certo, esses tais sentimentos configuram-se num “argumento” para o belo – belo mesmo? -- sorriso-persona. Quem também figura na cena, levanta hipóteses acerca desse máscara que é o tal sorriso, as quais essa tal pessoa, em “check” nem supõe. E alguma dessas figuras na cena é disputada numa luta de um cavaleiro apenas – que me perdoem os honrados medievais e os trovadores. Pura bobagem e fanfarrice de um ator de ladeira íngreme.
Com efeito, caro co-enunciador, esse sorriso-persona poder-se-ia se chamado de sorriso-de-ator? Sim...? Definitivamente, não! Nunca! Isso porque seria uma blasfêmia ao tablado sagrado comparar o que ocorre na nobre arte e o que acontece na curiosa vida e porque o ator verdadeiro tem consciência de seu sorriso e de seu nobre ofício verossímil concedido por Deus, já o outro – ou a outra --... ah, pobre alma confusa e “sandia”... não tem consciência nem de seus pés no chão, quanto mais da eficácia de sua máscara satírica-alegre-falaciosa.
Não quero terminar todo esse discurso – perdoe-me as viagens luz-guaianases mentais -- com uma injunção do tipo “sorria e seja sincero” – afinal de contas, isso não funcionaria com os seres humanos cujos corpos abundam progesterona --, seria hipócrita e paradoxal demais. Apenas enuncio singelas afirmativas-sínteses: certos sorrisos de alegria têm um efeito perlocutório desastroso, não escondem nada, ao passo que muitos sorrisos de felicidade não precisam esconder nada, isso porque transparecem um estado pleno, não efêmero tal qual a (menor) alegria.
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