sexta-feira, 26 de setembro de 2008

DISSONANTES AMARÍSSIMOS (João Paulo Feliciano Magalhães)


Soneto

O verde-claro de suas uvas mortas
Brotam do orvalho de seu rosto líquido:
Liquidifica puro vinho amargo
Na avidez das harmonias frias.

Acordes estes que com tal faceta
Fazem dos dedos com seu toque ácido
Puros vassalos num compasso largo
No patamar das melodias cruas.

Cruel faceta, em tal mundo sórdido,
Solidifica pensamento em gelo;
Gelidifica com escalas tortas.

Amargo tom de tantos corpos frígidos,
Amargueceram o sabor do belo
Com o verde-claro de suas uvas mortas.

Um comentário:

Flavio disse...

Excelente soneto!